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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Mané Garrincha

Histórias do Mané

  Kleyton Almeida, ComCopa
Responsável pela manutenção da pintura do Mané Garrincha, seu Lima mudou a vida dele e da família, depois que conseguiu emprego na arena. Uma história de superação e oportunidade

Fotos: Andre Borges/ComCopa
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Seu Lima, como é chamado pelos colegas, é um homem de sorriso fácil, muita coragem e bom humor. Quem conhece hoje Steilt da Silva Lima, 53 anos, não imagina o que ele já passou, antes de se tornar um dos operários que ajudou a construir o novo Mané Garrincha. Lima é pintor e procurou emprego no canteiro de obras. “Queria trabalhar com qualquer coisa, precisava levar o sustento para minha família e sabia que um estádio desse tamanho iria precisar de um pintor”, contou Lima.

Ele conversou com encarregado da obra, sabendo que ali poderia ter uma chance de trabalho com carteira assinada, FGTS, seguro de vida e estabilidade. “Lembro como se fosse hoje. Ele me perguntou o que eu sabia fazer e eu disse: ‘me dá um rolo e um galão de tinta, que eu me viro’”, disse, em tom firme, para o encarregado.

Aquela tarde foi o suficiente para seu Lima convencer e mostrar que realmente dominava a pintura. Ele foi contratado e está há mais de um ano trabalhando na arena. O emprego mudou a vida desse goiano de Itapaci. “Trabalhar aqui foi a melhor coisa que me aconteceu. Tive momentos que jamais vou esquecer, principalmente quando recebi o meu primeiro salário”, comentou, lembrando do período em que ficou desempregado e sem condições para sustentar a mulher e o filho.

20131119ASB 6741 hist do mane 1Antes de trabalhar no Mané Garrincha, seu Lima não conseguiu vaga no mercado de trabalho durante seis anos. Com a voz embargada, ele falou sobre essa fase difícil. “Em alguns dias, faltava tudo dentro de casa. A pior coisa do mundo foi ver meu filho pedindo coisas e eu sem poder fazer nada. Eu tinha que mudar essa realidade. E o emprego no Mané Garrincha foi o ponto de partida”, disse, emocionado.

Empenho – O caminho para a nova vida na construção do novo estádio não foi nada fácil. Todos os dias, seu Lima acordava às 5h da manhã e, ainda no escuro, pegava o ônibus em direção às obras. Mas o pintor nunca perdeu o ânimo porque valorizou o emprego conquistado. “Comprei meu carro e, hoje, posso ir ao mercado e comprar o que meu filho quiser. Essa obra trouxe muitos benefícios, principalmente emprego para as pessoas. Sou exemplo disso. Minha família tem orgulho de mim e eu me sinto importante por fazer parte da história do Mané Garrincha”, afirmou o pintor.

Um dos momentos mais emocionantes vividos por seu Lima no novo estádio foi quando o ex-presidente Lula o abraçou durante uma visita à arena. “Estava cheio de tinta, mas mesmo assim Lula veio e me deu um abraço. Isso foi recompensador não só para mim, mas para todos os trabalhadores que contribuíram para que hoje o Mané Garrincha seja conhecido em todo o mundo”, elogia.

Estudos – Morador em Vicente Pires, seu Lima conseguiu reformar a casa e não passa por dificuldades. Ao mesmo tempo, trabalhou duro e voltou a estudar. Com o ensino médio completo, o pintor faz planos para o futuro e quer se aperfeiçoar na área. Atualmente, é responsável pela manutenção de pintura do Mané Garrincha. “Fazemos tudo para que o estádio fique como está. Pinto arquibancada, parede tudo, o que for preciso. Não é à toa que o Mané entre os mais bonitos do mundo”, comemora.

Seu Lima é exemplo de que dedicação e força de vontade são fundamentais para o desenvolvimento. E saber aproveitar as chances de trabalho facilitam o sucesso. “Aqui, no estádio, somos incentivados a crescer na vida. Por causa desse trabalho, consegui fazer uma reciclagem na área, o que favorece minha qualificação profissional. E o melhor de tudo é que voltei para a sala de aula e conquistei meu diploma. Quer coisa melhor do que isso?”, pergunta seu Lima.

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