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segunda-feira, 8 de outubro de 2012


Mais inseridos do que nunca




Setores da economia antes considerados com baixo grau de adesão a sistemas de gestão mostram que esse quadro ficou para trás. Conheça as empresas que os ajudaram a entrar em uma nova realidade informatizada.

               
Adriana Bombassaro, diretora de produtos da Teclógica
 Pela maior aceitação dos produtos, vale até ajudar o cliente a comprar seu tablet.


Em um canteiro de obras, é possível deparar-se com vários materiais e operários fazendo atividades comuns a esses locais, como trabalhadores carregando tijolos, preenchendo lajes e operando elevadores. Adicione a essa cena um operário portando um iPad e fazendo coleta de dados sobre cada processo que ocorre lá dentro, transmitindo as informações em tempo real para engenheiros e gestores de obra que podem estar a quilômetros de distância dali.

Talvez pareça incomum tal descrição, mas tem se tornado cada vez mais presente no cotidiano dos canteiros de obras – pelo menos para as empresas que adquiram o sistema Mobuss, da Teclógica, sediada em Blumenau.

Não foi por acaso que a empresa resolveu investir no setor da construção civil. Quando refez seu planejamento estratégico em 2008, a companhia buscava renovar seu direcionamento de mercado. Uma das consequências dessa reformulação foi o nascimento da área de produtos, com o intuito de desenvolver a expansão da empresa por meio de soluções segmentadas para setores específicos, e o primeiro foi construção civil.

Os grandes eventos esportivos e programas como o PAC fizeram o setor entrar em franca expansão. Nesse contexto que foi lançado o Mobuss, um produto operado através de dispositivos móveis com atualização em tempo real e que pode ser acessado através de qualquer navegador. Os módulos incluem controles de apontamentos, segurança, materiais e qualidade.

Nele, pode-se apurar, por exemplo, o tempo de construção de uma laje e, com base na velocidade de produção, mensurar se aquela tarefa será terminada no prazo, ou ainda visualizar com antecedência um possível atraso e alocar recursos para evitar tal prejuízo. Tudo isso através de smartphones ou tablets.

O controle de equipamentos de segurança é outro atrativo. Com um dispositivo móvel, um supervisor pode aplicar treinamentos, entregar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e coletar assinaturas digitais, fazendo total gestão de estoque e entregas por indivíduo.

Além disso, o sistema permite a integração com outros ERPs ou sistemas de planejamento da empresa. “Isso representa menos atraso em obras, melhor uso dos recursos e consequentemente redução dos custos”, afirma a diretora de produtos, Adriana Bombassaro Alexandre.

Contudo, nem tudo foi um mar de rosas no caminho do Mobuss e da Teclógica. Adriana conta que, no início, havia certo receio sobre a aceitação. Antes que isso pudesse se tornar um problema, ela e os demais diretores agiram. “Percebemos que muitos clientes concordavam em adquirir nosso produto, porém tinham dúvidas sobre qual tablet comprar ou qual plano de Internet 3G assinar”, lembra. Estender a assessoria à aquisição dos equipamentos foi uma maneira eficaz de aumentar o número de clientes, uma vez que se sentiram acolhidos tanto na parte de software quanto em hardware.

                          
                                    Sistema Mobuss sendo utilizado em obra. Solução é operada através de dispositivos móveis.

Outra situação que ajudou na inserção do Mobuss entre players-chave da construção civil foi a percepção de valor agregado. Em geral, quem utiliza o sistema no canteiro de obras é um colaborador conhecido como apropriador de informações. Muitas vezes, são trabalhadores que iniciaram a carreira em funções basicamente braçais. Assim, participar de atividades em nível gerencial com um dispositivo mobile em mãos representa a continuidade de um processo de ascensão profissional.

Em busca de competitividade
Os benefícios que trazem sistemas de gestão na construção civil, contudo, já estão relativamente bem difundidos. Isso em parte ocorre devido à procura por meios que tornem construtoras e incorporadoras mais competitivas. Viviane da Silva Ferreira, gerente comercial da Globaltec, afirma que esse tem sido um dos maiores motivos de adesão a novas tecnologias no setor. “Os gestores eram muito preocupados com a construção em si, e agora estão focados na gestão. Sistemas que auxiliem nesse processo estão quebrando paradigmas no segmento”, conceitua.

A Globaltec – que tem sede em Goiânia e filiais em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Joinville – desenvolveu o UAU. Trata-se de um ERP para automação e gestão de construtoras, imobiliárias e incorporadoras, com módulos de segurança, orçamento e, entre outros, suprimentos. Viviane conta que o UAU pode ser adquirido em módulos, de acordo com a realidade e necessidade do cliente. “Empresas menores podem comprar apenas as soluções que precisam no momento, e, conforme crescem, vão adquirindo o restante”. A gerente também fala sobre outro dado que mostra que o setor já está num nível maior de maturidade. “Raramente chegamos em clientes desprovidos de quaisquer sistemas de gestão. Ocorre que muitas vezes eles têm soluções mais simples, sem o poder de integrar setores, e estão buscando um ERP mais robusto”, justifica Viviane.

De ponta a ponta
Imagine um percurso de 13 quilômetros de carretas enfileiradas, todas carregadas com frutas, verduras e legumes comercializados pelo Grupo Pão de Açúcar. Essa quantidade de alimentos corria o risco de ser descartada, algo que pôde ser evitado devido a um mapeamento de toda a logística, que vai desde o preparo da plantação à chegada dos produtos às gôndolas dos supermercados.

André Donadel, diretor da PariPassu. Competitividade impulsiona clientes à adesão dos sistemas de gestão na produção agrícola.

Tal mapeamento não foi realizado por equipes especializadas do Grupo Pão de Açúcar, mas sim pela PariPassu, uma empresa de Florianópolis que desde 2005 desenvolve sistemas de rastreamento e fomento de cadeias produtivas de alimentos. Dessa maneira, a empresa tem como clientes produtores rurais, distribuidores e também varejistas como Angeloni e Pão de Açúcar – onde o nível de devolução dos produtos caiu 40% desde quando a parceria com a PariPassu foi estabelecida, o equivalente aos 13 quilômetros de carretas citados.

Dentro do software da PariPassu, cada microprocedimento é registrado. “É possível saber a quantidade de defensivos agrícolas utilizados, tipo de adubo, como foi embalado, quem transportou, de qual maneira e há quantas horas chegou no ponto de venda. É uma espécie de diário de bordo do produto”, compara André Donadel, diretor de desenvolvimento da PariPassu. “Isso tudo fica disponível no sistema, e pode ser usado para saber onde estão os problemas da cadeia toda e o que precisa ser aperfeiçoado”, completa André, informando que a companhia tem hoje 400 clientes – dentro e fora do Brasil – e processa cerca de 50 quilos de produtos por segundo.

O trabalho com os produtores, que André chama de empreendedores rurais, tem reservado surpresas positivas ao diretor da empresa. Se antes havia grande preconceito com relação à disponibilização tão profunda de informações do manejo, hoje as barreiras têm diminuído. “O mercado está exigindo esse nível de profissionalização, principalmente para quem quer atuar em mercados maiores e mais lucrativos. Os clientes vão percebendo que o que eles comandam é um negócio como outro qualquer”. Esse amadurecimento tem trazido resultados como o crescimento anual das receitas em 40%, índice mantido desde 2008.

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