Participação de mulheres no mercado de trabalho está estagnada
Kelly Ikuma, da Agência Brasília
Pesquisa da Codeplan revela que a participação feminina se destaca apenas nas áreas de cuidado consideradas extensões das tarefas de casa
A participação das mulheres no mercado de trabalho do Distrito Federal seja no âmbito público ou privado está estagnada. Essa informação consta na pesquisa divulgada nesta segunda-feira (8) pela Codeplan Divisão Sexual do Trabalho - Análise da Distribuição de Postos de Poder e Decisão por Sexo no Distrito Federal. Entre 2001 e 2011, a taxa de participação feminina ficou em 54,6% e 55,5%, respectivamente.
"Mesmo com as ações pontuais de governo, não conseguimos ver uma tendência de melhora. Temos que mudar essa cultura patriarcal, começando de dentro das casas com a divisão de tarefas", afirmou a coordenadora-geral da pesquisa, Jamila Zgiet.
Ao analisar a distribuição das mulheres pelos grupos de secretarias e órgãos, nota-se que, entre 2009 e 2013, as mulheres estiveram mais concentradas no campo do cuidado, área responsável pela ocupação de 56% e 61%, para cada ano respectivamente. Para esse estudo, foram considerados campos de cuidado aqueles cuja pauta está nas Secretarias de Saúde, de Educação, do Desenvolvimento Social e Transferência de Renda e da Criança.
"As mulheres são maioria nessa área de cuidados, pois é uma extensão de suas tarefas de casa, como cuidar dos filhos, do lar e, muitas vezes, tomar conta de outros membros da família, como marido e pais, por exemplo. Mas mesmo estando em maior número que os homens em relação à taxa de ocupação nesses setores, elas ainda não conseguem ocupar os cargos mais altos", ressaltou a coordenadora-geral.
Comparando a ocupação de cargos nos órgãos de segurança e afins ao longo dos anos, verifica-se um aumento da desigualdade entre os sexos entre 2009 e 2013. No primeiro ano analisado, a parcela das mulheres que ocupavam esses cargos era de 31,4%, caiu para 24,1% em 2012 e ficou em 24,3% em 2013.
No âmbito do planejamento e da gestão, a ocupação de cargos por mulheres foi majoritária no primeiro e no último ano analisados, com 50,5% do total. Nas áreas de esporte, cultura e comunicação, houve aumento da participação feminina ao longo do período analisado, passando de 43,9% em 2009 para 48,6% em 2012 e 49,4% em 2013.
A divisão sexual no trabalho formal privado no DF reforça os dados já observados no serviço público: os homens ocupam a maior parte dos cargos de chefia e decisão, mas as mulheres são maioria quando consideradas as áreas tipicamente femininas, como saúde, educação e serviços culturais.
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