Pesquisar este blog

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Mané Garrincha - História

Histórias do Mané

  Evelin Campos, ComCopa
O Portal Brasília na Copa inicia hoje a série especial "Histórias do Mané", que será publicada às terças-feiras, sobre pessoas que tiveram suas vidas transformadas de alguma maneira pela construção do novo Mané Garrincha e a preparação de Brasília para os megaeventos. A primeira protagonista é a operária Cristina Carvalho, que descobriu na arena sua verdadeira vocação profissional
Fotos: Lula Marques/ComCopa
Operária-7
Ela era uma entre 15 mil, mas soube desde o início que sua experiência entre as colunas daquele gigante seria única. Nascida na capital do país, Cristina Carvalho dos Santos, 39 anos, foi uma das operárias que assinaram o nome na obra do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, palco de grandes eventos na cidade.

A oportunidade de trabalhar na arena surgiu quando seu padrinho avisou que o consórcio responsável pelas obras iria contratar mulheres. “Eu queria mudar de vida, ganhar mais independência. Quando pisei no estádio pela primeira vez, pensei: é aqui que vou crescer”, lembra Cristina, que até então trabalhava como empregada doméstica.

Foi como ajudante de obras que Cristina, moradora do Núcleo Bandeirante, deu os primeiros passos, dos quais guarda algumas das lembranças mais difíceis e marcantes de sua vida. “Eu nunca tinha pegado em um martelo antes e no primeiro dia tive que tirar vários pregos de uma madeira. Muita gente não acreditava que eu conseguiria, mas recebi o apoio de muitos amigos para não desistir”, conta.

A brasiliense passou um ano e três meses na obra. Mas não demorou muito para ela ganhar fama de Pereirão – personagem da novela global Fina Estampa, que fazia serviços gerais normalmente executados por homens. “Topava tudo! Lavava o subsolo, ía atrás de trabalho”, lembra Cristina, que passou por cargos como ajudante de obras e de serralheria até chegar à tão almejada função de encarregada.

Degraus acima – Às 4h20, quando o sol ainda nem tinha despontado, Cristina pegava o ônibus rumo ao estádio, para não se atrasar. “Nunca faltei, era sempre a primeira chegar”, orgulha-se. Segundo ela, a descoberta de sua verdadeira vocação profissional e um futuro melhor para ela e as filhas Alane, 11 anos, e Alana, 10 anos, foram suas principais motivações.

“Eu precisava de mais segurança. Trabalhando em casa de família como doméstica eu recebia apenas um salário mínimo (atualmente R$ 678). No estádio, chegava a ganhar R$ 5 mil”, compara a operária. “Aqui eu consegui juntar dinheiro e me senti livre, consciente de que a vida de uma mulher não precisa ser só cuidar de marido”, completa.

O aprendizado e as boas amizades também são fatores importantes do período em que carregou carrinhos de mão e ajudou a cortar madeira. Como encarregada, Cristina comandava uma equipe de 20 mulheres, responsáveis pela limpeza. “Aprendi a ter liderança e a trabalhar em equipe, mas, acima de tudo, fiz tantos amigos que nem posso contar nos dedos”, destaca, sorrindo.

Operária-3Planos para o futuro – A sensação de ter feito parte de um projeto grande como o do Estádio Mané Garrincha já é, por si só, um sonho realizado, na opinião de Cristina. “Só de passar na frente dele e vê-lo de fora, sabendo que já estive lá dentro e que ali tem o esforço das minhas mãos, já me sinto feliz”, revela. “Vivi momentos inesquecíveis”, acrescenta.

Esse orgulho é compartilhado pelas filhas de Cristina, que fazem questão de contar a todos que a mãe ajudou a construir a nova arena. “As duas me disseram que a professora e os coleguinhas sabem que trabalhei lá. Isso me deixa satisfeita, pois estar nesse estádio maravilhoso mudou minha vida e meus horizontes”, afirma a operária, que aponta a arquibancada superior como seu lugar preferido na obra: “A visão dali é incrível!”.

Agora, Cristina pretende fazer um curso técnico em Edificações e seguir na profissão. Manaus e Pará são algumas de suas metas. “Quero conhecer gente nova, trabalhar em outros projetos grandes como esse. Não ligo se tiver que voltar a ser ajudante de obras. Estou preparada para isso. Eu quero é trabalhar na construção civil, que é o que eu gosto”, conclui.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário