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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Mané Garrincha

Histórias do Mané

  Evelin Campos, ComCopa
Superação e oportunidade são os ingredientes principais da série especial “Histórias do Mané” desta terça-feira (27/08). Conheça a história de Fabiano Targino, que mudou o rumo de sua vida ao trabalhar na obra do Mané Garrincha

Fotos: André Borges/ComCopa
Historias do mane  operario  Foto Andre Borges 1

historias do mané - selo 2Não foi uma simples mudança de capital. Quando Fabiano Targino, 36 anos, teve que deixar João Pessoa (PB), em 2007, para cumprir parte de sua pena em Brasília, deixou para trás família e toda uma vida. A saudade dos pais e da terra natal foi uma das principais dificuldades que o então operador de máquinas enfrentou.

A ideia era começar uma história nova, diferente. Aqui, Fabiano, cumprindo pela em liberdade condicional, trabalhava durante o dia e à noite dormia na Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap), no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). A medida era parte da sentença recebida por um erro cometido no passado. “Às vezes você se envolve em algo, pensa que está tudo bem, e depois percebe que foi levado para um caminho ruim”, avalia.

Foi em 2011, quatro anos após a chegada em Brasília, que a vida de Fabiano deu uma reviravolta. Ele foi um selecionados da Funap para trabalhar nas  obras do Estádio Mané Garrincha. Apesar do conhecimento razoável em construção, ele nunca havia trabalhado em um projeto tão grande como o da arena. Ainda assim, aceitou o desafio e se tornou auxiliar de serviços gerais.

Fabiano cumpriu o contrato de um ano e oito meses e depois recebeu do chefe um convite para continuar na obra, com carteira assinada e tudo. “Aceitei e fiquei mais oito meses. Recomeçar em um lugar onde as pessoas te apoiam não tem preço. Preconceito? Não sei nem o que é isso. Esse lugar mudou a minha vida”, ressalta o ex-operário.

Historias do mane  operario  Foto Andre Borges 3
Boas lembranças –
 De volta ao estádio que ajudou a construir, Fabiano não disfarça a emoção. Com um brilho nos olhos, ele observa, da arquibancada inferior, a imensidão do Mané. Como se assistisse a um filme da própria vida, ele relembra alguns momentos. “Quem me conhece sabe que eu nunca trabalhei triste, estava sempre cantando, falando do meu Vascão, que assisti jogar contra o Flamengo bem ali, ó”, diz, apontando o outro lado da arena.

Ele conta que conheceu muitos conterrâneos e fez várias amizades. “Tinham vários da Paraíba. A gente conversava e matava a saudade falando da terrinha”, lembra Fabiano, que também se sente feliz por ter trocado abraços e apertos de mão com jogadores de futebol dos quais sempre foi fã. “Falei com Ronaldinho, Romário, Bebeto. O Romário bateu pênalti ali no gramado. E eu fiz muitas fotos ali no campo”, revela, como se uma avalanche de boas lembranças invadisse sua mente.

Hoje, Targino mora de aluguel no Recanto das Emas com a esposa Cristina, 37 anos, e a filha Gabriele, 11 anos, que vieram de João Pessoa. Mesmo quando estavam longes, elas era grande parte da motivação de Fabiano, que acordava às 5h para estar no estádio às 7h. “Família, né? Estou vivendo por elas e pelos meus parentes lá na Paraíba, que sempre quiseram apenas meu bem”, afirma.

Historias do mane  operario  Foto Andre Borges 4

Um homem novo –
 Seu maior sonho, hoje, é comprar a própria casa e dar um futuro melhor para a filha. “Falo pra ela estudar e dar o melhor de si”, conta Fabiano, que recentemente tirou carteira de motorista e comprou um carro.

O que Targino sabe que jamais vai esquecer é como tudo mudou desde que ele entrou pela primeira vez no Mané Garrincha. “Quando cheguei isso aqui era tudo terra. Já andei em cada canto daqui e se fosse guia turístico levaria qualquer pessoa onde ela quisesse”, brinca. “Agora, esse estádio onde trabalhei vai ficar lotado na Copa do Mundo, para o mundo todo ver”, orgulha-se.

O paraibano sabe que ainda tem um caminho pela frente até o cumprimento total de sua pena, em 2018. Ele ainda precisa estar em casa às 20h e se apresentar à Justiça periodicamente. Mas isso é o de menos. Sua maior ansiedade no momento é a chegada dos pais e dos sete irmãos, que virão passar o Natal com ele em Brasília. “Sinto alegria porque sei que agora só virão coisas boas”, acredita.

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