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Copa do Mundo, um incentivo ao turismo

  Evelin Campos, ComCopa

Em entrevista ao PORTAL BRASÍLIA NA COPA, o secretário de Turismo, Luís Otávio Neves, destaca os principais investimentos feitos na capital do país para receber os visitantes em 2014

Foto: Lula Marques

O cartão de visitas foi apresentado. Brasília colocou a cara no mundo na abertura da Copa das Confederações da FIFA 2013, entre Brasil x Japão, no último sábado (15/6). Cerca de 70 mil torcedores e outros milhões de espectadores prestigiaram a festa brasiliense e o novo Mané Garrincha.

E os primeiros resultados dessa visibilidade já começaram a surgir: no dia seguinte ao jogo, muitos dos 15 mil turistas, que ocuparam 95% dos hotéis da área central de acordo com a Fecomércio, foram visitar os principais monumentos da cidade. Nos bares, restaurantes e similares, o movimento cresceu de 10% a 12% no fim de semana.

Esse é um dos legados dos grandes eventos, que será potencializado com a Copa do Mundo, segundo avaliação do secretário de Turismo do Distrito Federal, Luís Otávio Neves. Em entrevista exclusiva ao Portal Brasília na Copa, o chefe da pasta ressalta as melhorias que o setor vem recebendo em infraestrutura, promoção e qualificação profissional para atender à demanda de turistas que virão à capital federal em 2014.

Fotos: Bruno Pinheiro/Setur
Após o sucesso do receptivo aos turistas na abertura da Copa das Confederações, quais são as expectativas para a Copa do Mundo de 2014, em que Brasília receberá sete jogos?
Desde o início do governo Agnelo estamos preparando a cidade para receber esses dois grandes eventos, focando na Copa do Mundo por ser o maior. Desde então temos investido em quatro pilares: políticas públicas de turismo, infraestrutura, qualificação de mão-de-obra e promoção de Brasília. Acredito muito que a gente vai fazer bonito. E, a partir daí, vamos receber muitos eventos esportivos, culturais, religiosos. Várias empresas vão se estabelecer, outras entrarão no mercado. Não tenho dúvidas de que a cidade será outra em 2015.

Quais foram as principais políticas públicas traçadas para o setor?
Brasília, apesar de seus 53 anos, não tinha, até então, uma legislação própria para a área de turismo. No ano passado a capital se tornou a primeira unidade da Federação a ter uma lei específica com diretrizes e políticas públicas, o que tem permitido a organização do turismo como ferramenta de desenvolvimento econômico. Criamos o Conselho de Desenvolvimento do Turismo (Condetur), com uma Câmara Temática da Copa do Mundo, a fim de preparar a cidade para receber bem o turista. Também contratamos o Centro de Excelência em Turismo da UnB para fazer um levantamento, o Observatório do Turismo, com informações sobre os números do setor no DF, que eram zero. Com esses dados, vamos potencializar os investimentos na cidade. Além disso, está para sair um decreto que regulamenta o transporte turístico, pois os ônibus que circulam com turistas nos eventos estão na ilegalidade.

E a infraestrutura da cidade?

A parte de infraestrutura é um pouco mais demorada porque Brasília estava na estaca zero. Começamos a caminhar, com vários convênios firmados com o Ministério do Turismo por conta da Copa do Mundo. São recursos que estão sendo usados para sinalização turística, acessibilidade nos monumentos, a complementação do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, a aquisição de dois Centros de Atendimento ao Turista Móveis. Isso tudo é resultado de uma relação construída com o governo federal nos últimos dois anos. No ano passado captamos os recursos e agora os projetos estão em fase de licitação. Além disso, está em andamento a elaboração do projeto de recuperação dos setores hoteleiros Sul e Norte. Vamos revitalizar a área e reformar calçadas, pistas.

Qual é a avaliação do setor de hospedagem para os turistas?

Nossa rede hoteleira vem sendo ampliada, e estamos estabelecendo meios alternativos de hospedagem. Um deles é o Cama e Café, que até agora credenciou 75 residências para o morador receber o turista em até três cômodos de suas casas, a preços mais acessíveis. Esse é um projeto que validamos para Brasília junto com o Condetur, e que está sendo executado em parceria com a Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do DF, responsável pela visita, qualificação e exposição das casas para locação. No segundo semestre deste ano, outras casas serão cadastradas para 2014. Esse é um sistema usual em todo o mundo, especialmente em locais que têm um turismo forte. Além disso, teremos o camping, 100% sustentável, que será um modelo para o Brasil. Ele será instalado no Parque das Aves, na frente do Zoológico. O camping está em fase de contratação do projeto e estará disponível para a Copa do Mundo.

Não adianta infraestrutura se não houver profissionais qualificados para atender às demandas dos turistas. A Secretaria tem investido em capacitação?

Sem dúvida. Nosso terceiro pilar é a qualificação da mão-de-obra, tanto ligada diretamente ao turismo quanto a que vive do turismo, como os artesãos e feirantes. Oferecemos cursos de idiomas, garçom, camareira, entre outros, além da qualificação da atividade de artesanato por meio de uma parceria com o Sebrae. E, para atrair turistas, estamos trabalhando no quarto e último pilar, o da promoção, criando roteiros turísticos em todo o DF. Antes as pessoas só vendiam a beleza de Brasília, e ficava naquilo. Agora nós mostramos a beleza da cidade, mas também queremos fazer negócios, atrair os empresários para Brasília. Vendemos a cidade para que as operadoras de turismo a coloquem no catálogo de viagens. E isso tem dado certo, Brasília já está em catálogos da Europa, dos Estados Unidos, da América do Sul. Nosso objetivo é fazer com que os turistas passem cada vez mais tempo na cidade.

E quanto ao estádio? Depois da Copa do Mundo, a arena contribuirá para mudar a cara do turismo em Brasília?

Como o governador costuma dizer, o turismo será um dos maiores beneficiados no pós-Copa. Teremos o primeiro evento cultural no estádio no próximo sábado, dia 29 de junho: o espetáculo Renato Russo Sinfônico. Com o novo estádio Mané Garrincha, essa grande arena multiuso, calculamos que Brasília terá, a partir de 2015, pelo menos 20 eventos por ano. E quem se beneficia disso é o turismo, pois o turista de eventos gasta, em média, R$ 450 por dia. Além disso, a permanência desse visitante na cidade gera impostos, emprego e renda, fazendo com que o estádio seja uma grande mola do desenvolvimento em Brasília.