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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Histórias do Mané

Histórias do Mané

  Evelin Campos, ComCopa
Quando calça a chuteira e entra em campo, ele revela um talento singular. A série “Histórias do Mané” desta terça-feira (17/09) mostra a ginga de Alex Archanjo, um dos gandulas da abertura da Copa das Confederações, que sonha poder jogar em um grande clube
Fotos: Andre Borges/ComCopa
AB  Histórias do Mané Alex

historias do mané - selo 2Nos pés a habilidade de um camisa 10. Na cabeça o sonho de ser jogador de futebol profissional. “Jogo desde que estava na barriga da minha mãe, quando ficava lá, chutando”, brinca Alex Archanjo, 14 anos, o menino de Ceilândia que teve seu dia de rei no Estádio Mané Garrincha, durante a abertura da Copa das Confederações.

Ele foi um dos 17 gandulas que atuaram no jogo Brasil x Japão, selecionado após ser campeão da Copa Coca-Cola 2012 pelo Olímpia Futebol Clube, o Ceilandense. Durante o treinamento, foram aplicadas provas práticas e teóricas. Em poucos dias, Alex estava pronto para colocar em campo todas as regras do “manual de etiqueta do gandula”.

AB  Histórias do Mané Alex 2Ele só não sabia que seria tão difícil passar por alguns de seus grandes ídolos e fingir que não viu. “Fomos orientados a não conversar, para preservar a nossa concentração e a dos jogadores. Estive ao lado do Neymar e não pude falar nada, mas só de estar ali já valeu demais”, relembra Alex, que aponta postura e disciplina como qualidades básicas de um gandula.

Mas o estudante do 9º ano do Centro de Ensino Fundamental 31 do Setor O não deixou que a vontade de tietar os jogadores atrapalhasse sua missão naquele dia. Já no gramado, ficou atento e não perdeu um só lance. No primeiro tempo, Alex ficou posicionado atrás da defesa brasileira, e no segundo, foi para o ataque. Ali se sentiu em casa. Perdeu as contas de quantas reposições fez. “A bola veio para o meu lado várias vezes. Já conhece, né?”, ri Archanjo.

Um sonho... – Alex mal tinha aprendido a andar e já gostava de fazer a bola rolar. Nascido e criado em Ceilândia, ainda criança começou a jogar no Olímpia Futebol Clube. Em 2006, foi admitido na categoria infantil da escolinha do Santos em Brasília. E logo percebeu que o esporte era mais do que brincadeira de menino em sua vida.

Nos últimos anos, o atacante fez testes em cinco clubes, entre eles Santos e Cruzeiro. A oportunidade ainda não chegou, mas Alex nem pensa em desistir. “Um dia quero jogar no Real Madrid ou no Barcelona”, afirma, convicto. Mas o jovem de sorriso maroto não sonha sozinho. Conta com o apoio incondicional da mãe, do pai, do padrasto, dos cinco irmãos, e de parentes.

“Cobramos caráter, disciplina e estudo. Quero que ele evolua na carreira que escolheu, não podemos errar por não tentar”, destaca o cinegrafista Ely Archanjo, 53 anos, pai de Alex. A cozinheira Regina Célia da Costa, 38 anos, não esconde a preocupação de mãe, mas torce pelo sucesso do filho. “Quando ele era pequeno, tinha as perninhas tortas. O padrinho dele dizia ‘olha, vai ser o novo Garrincha’. Peço a Deus que realize o sonho dele”, ressalta.

... e um estádio – “Desculpa aí, garoto”. Foram as palavras de Jô, atacante da Seleção Brasileira, ao esbarrar em um animado Alex, no fim da vitória por 3 x 0 em cima do Japão. “Pedi a camisa dele, mas ele disse que queria guardar, pois fez com ela seu primeiro gol no Brasil”, conta o torcedor do Fluminense, que vibrou ao ver o zagueiro Thiago Silva, ex-tricolor carioca.

AB  Histórias do Mané Alex 3A emoção de estar tão perto dos jogadores só se compara ao momento em que Alex subiu as escadas do 1º subsolo para o gramado. “É muito bonito, grande. Lá dentro faz um barulho enorme com aquele tanto de gente. Nunca vou esquecer”, diz o jovem, que também ficou encantado com os telões do estádio. “Ficava olhando e imaginando a minha imagem aparecendo lá, que nem o Cristiano Ronaldo”, revela, imitando o atacante português.

Embora já tenha gravado seu nome na primeira partida de uma campanha que levou o Brasil ao tetracampeonato, Alex fez questão de deixar registrada a sensação daquele momento. No livro de visitas do estádio, escreveu, com a determinação de quem deseja realizar um sonho: “Da próxima vez vou voltar aqui como jogador”. Assim seja.

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