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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Seu Joca conta

Histórias do Mané

  Evelin Campos, ComCopa
Já diz o provérbio: saco vazio não para em pé. Na edição desta terça-feira (3/9) da série “Histórias do Mané”, Seu Joca conta sobre o desafio diário de alimentar os operários da arena

Fotos: André Borges/ComCopa
FOTO ANDRÉ BORGES SEU JOCA 1

historias do mané - selo 2Acordar às 4h da manhã, selecionar as melhores frutas e verduras e acompanhar de perto o preparo da comida dos operários da construção de um dos maiores monumentos de Brasília. Nos últimos três anos, essa tem sido parte da rotina de João Batista Monteiro, 65 anos, responsável pelo refeitório do Estádio Mané Garrincha.

Seu Joca, como é conhecido por todos, faz questão de cuidar das compras e do trabalho na cozinha, que no auge da obra, entre janeiro e maio deste ano, chegou a servir mais de 4 mil refeições por dia somente no almoço. “Fico de olho nos produtos. Brigo por melhor preço e qualidade”, destaca o nordestino de Teixeira, no sertão da Paraíba.

Em Brasília desde 1993, Seu Joca deixou de lado a carreira de 30 anos como fotógrafo para se aventurar no ramo de alimentação. O que começou como uma segunda opção, na cantina de um amigo, se tornou a vocação do paraibano. Sua primeira experiência foi na obra do Tribunal Superior do Trabalho, onde ficou por cinco anos.

Apesar de já ter atendido operários em obras como as do Tribunal Regional Federal e do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, João Batista diz que o Mané Garrincha foi seu maior desafio. “O número máximo de refeições que eu tinha servido em obras anteriores, cerca de 2 mil, era metade do que tínhamos de preparar no Mané Garrincha. Me sinto muito orgulhoso em saber que deixei minha marca aqui”, emociona-se.

FOTO ANDRÉ BORGES SEU JOCA 4Alimentação saudável – Pão com queijo e presunto no café da manhã e feijoada às sextas-feiras. Alegria dos operários do Estádio Mané Garrincha, as refeições da Cantina seguem uma dieta balanceada. Elaborado por uma nutricionista disponível em tempo integral, o cardápio traz todos os nutrientes necessários ao tipo de atividade desempenhada no estádio.

Na época de maior movimento, quando 6 mil operários trabalhavam na obra, o volume de compras impressionava. Em um dia, no almoço, eram preparados 1,6 mil kg de carne branca e vermelha, 400kg de arroz, 230kg de feijão e 400kg de legumes e verduras, além de 2 mil litros de suco. Para a sobremesa, frutas ou doces como paçoca e pé-de-moleque, num total de 4,5 mil unidades.

Para Seu Joca, o trabalho dele e de sua equipe – que já chegou a 60 pessoas e hoje é formada por cinco profissionais para atender aos 300 operários da manutenção – é fundamental para o estádio. “Se o funcionário não se alimenta bem, ele não produz. E se a refeição não é boa, ele passa mal, não vem trabalhar. Por isso escolhemos bem os alimentos”, ressalta.

FOTO ANDRÉ BORGES SEU JOCA 2

Segunda família –
 No canteiro de obras desde outubro de 2010, Seu Joca espera continuar cuidando da alimentação dos operários durante a fase de acabamento e a execução do projeto do entorno do estádio. “Aqui almoçam todos juntos. Desde o diretor ao operário mais simples. Conheço muita gente, fiz muitas amizades. Gosto muito daqui”, revela.

FOTO ANDRÉ BORGES SEU JOCA 3João Batista presenciou a implosão do antigo Mané Garrincha e sente alegria por ter acompanhado a evolução da obra. “Ficou muito bonito”, elogia o paraibano, que mora em Taguatinga com a esposa e coordenadora do refeitório Francilene Vieira, 43 anos, e os dois filhos Milena, 16 anos, e Júlio César, 12 anos.

Corinthiano, Seu Joca garante que, no futuro, vai visitar o estádio sempre que puder para relembrar a experiência vivida. “Aqui aprendi muita coisa. O que vai me marcar pra sempre é saber que servi comida pra tanta gente e que participei do projeto desse gigantão”, orgulha-se.

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