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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Brasília na Copa

Brasília: preservação e crescimento

  ComCopa
Em entrevista exclusiva ao Portal Brasília na Copa, o secretário de Habitação, Geraldo Magela, rejeita a oposição entre o tombamento de Brasília e as obras de modernização da região central da cidade. Projetos de ciclovias e passagens subterrâneas e resgate do paisagismo estarão prontos até a Copa, e constituirão legado do evento

Fotos: Andre Borges/ComCopa
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A cerca de oito meses para o início da Copa do Mundo de 2014, os olhares e as máquinas se voltam para a região central do Plano Piloto, onde estão o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, a Torre de TV e os setores Hoteleiros Norte e Sul, principais pontos de acolhimento do fluxo de turistas.

Ao mesmo tempo, prestes a completar 26 anos como Patrimônio Cultural da Humanidade, Brasília segue reformulando o planejamento urbano sem perder de vista a preservação de espaços históricos e a manutenção da concepção do urbanista Lúcio Costa.

Os primeiros passos dessa mudança podem ser vistos por todo o DF. Entre eles, está a instalação de 238 km de ciclovias já concluídas, número que chegará a 600km até a Copa. A revitalização da área central também já começou. A implantação do paisagismo de Burle Marx no Eixo Monumental, que ficará pronta ate julho de 2014, completa os exemplos citados por Magela entre as obras de curto prazo que farão parte do legado permanente do evento esportivo.

A mobilidade foi um dos temas centrais durante a Conferência Distrital das Cidades, realizada em setembro. Isso está sendo feito?

Esse é o grande desafio do mundo moderno: a mobilidade. E em Brasília, uma cidade jovem e com grande parte da terra em propriedade do governo, podemos fazer projetos de mobilidade com menor custo e execução mais fácil. Implantamos a faixa exclusiva para ônibus, antes de São Paulo fazer o mesmo, com êxito. O grande desafio dos tempos atuais é a mobilidade. Não adianta ter carro e não conseguir andar mais de 30km/h, isso é "antimobilidade".

111013AB  2038magela 2As novas ciclovias são um exemplo desta política de mobilidade?

A ciclovia contribui para a mobilidade, ajuda no transporte das pessoas e no tráfego. Além do trabalho e do lazer, também tem o aspecto de qualidade de vida. Mas é preciso convencer o brasiliense sobre o uso da bicicleta. Se houvesse incentivo desde a inauguração nos anos 1960, teríamos uma cidade "ciclística", pois temos grandes áreas planas. Mas, infelizmente, o que aconteceu foi o contrário: incentivo ao uso do automóvel. Além das ciclovias, temos que avançar na melhoria do transporte público, com ônibus mais velozes e Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT). Esse é o nosso maior desafio: melhorar o transporte de massa.

Como melhorar o acesso e a mobilidade na região central sem ferir o tombamento?

O tombamento de Brasília como patrimônio cultural é muito importante, mas não engessa a cidade. Quando o Setor Hoteleiro foi concebido, há 50 anos, podiam ser construídos no local hotéis pequenos e hotéis grandes. Só que com o passar dos anos, foi-se constatando que os hotéis pequenos são antieconômicos. Então estamos autorizando, por exemplo, a mudança de gabarito dos hotéis na região central, de três para 10 andares, sem alterar a escala gregária. Isso não afeta o tombamento em hipótese alguma.

Quais mudanças poderão ser vistas já na Copa de 2014 para os setores hoteleiros?

Vamos investir na melhoria do espaço urbano, nessas áreas. Iluminação, pavimentação, calçamento. É claro que para reconstruir e expandir prédios, é preciso um tempo maior. Mas a Copa reposiciona Brasília na rota turística, é uma janela de oportunidade para que a cidade seja conhecida como uma capital belíssima, que deve ser visitada. O fluxo de turistas trazido pelo evento esportivo não vai cessar, é um dos maiores legados para o Distrito Federal. Então, precisamos preparar o nosso parque de recepção, inclusive os hotéis, para acomodar este potencial turístico.

Como conciliar a preservação do patrimônio com as mudanças que a cidade exige?

Queremos aprovar na Câmara Legislativa do Distrito Federal o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), que vem preencher a ausência de uma legislação específica sobre o patrimônio urbano. Ele deixará claro para moradores, urbanistas, empresários e para a sociedade em geral o que precisa ser respeitado, e dentro disso, que mudanças podem ser feitas.

111013AB  2063magela 4O tombamento é uma valorização do projeto original de Lúcio Costa para o Plano Piloto. Foi uma novidade. Só que ele vem sendo tratado como um dogma por uns e como um problema por outros. Quem quer fazer obras acha que o tombamento é um problema; já os urbanistas acham que não pode se fazer nada na cidade. Isso não é verdade.

O que muda, na prática, com esse plano?

A grande vantagem do PPCUB é que valoriza o título de patrimônio de Brasília sem se tornar uma camisa de força, sem colocar gesso na cidade. Brasília é uma cidade-menina, mas que precisa passar por transformações, porque é uma cidade viva. Ao mesmo tempo em que valorizamos o tombamento, nós possibilitaremos algumas mudanças que não colocam em risco o título de patrimônio da cidade.

E o que vem sendo feito para preservar e restaurar os prédios e monumentos tombados?

Temos o Fundo de Desenvolvimento Urbano do DF (Fundurb), com recursos específicos para esse tipo de obra. Por exemplo, 50% do dinheiro usado para reformar o Cine Brasília, que é um monumento à arte e à cultura do DF, vieram deste fundo. Estamos também recuperando três igrejas históricas de valor cultural e artístico, além do religioso: São Geraldo, no Paranoá, São Sebastião, em Planaltina, e São José, na Candangolândia. Vamos ajudar, ainda, na revitalização da via W3, um pedido antigo da cidade. Esse dinheiro recupera obras que elevam a auto-estima do brasiliense e entram no roteiro turístico da capital, para quem a visita.

Quais os avanços do programa Morar Bem na política habitacional do DF?

O Morar Bem é destinado às famílias de menor renda que precisam de moradia com incentivo do Governo. Vamos construir 100 mil unidades habitacionais. Até 2014, serão 20 mil casas construídas, será um ano de muita obra e de muita entrega. Vamos chegar a março com 100 mil famílias habilitadas. Nós não criaremos nenhuma cidade nova. Vamos fazer adensamentos nas já existentes. Criamos bairros novos, como Paranoá Parque, no Paranoá; Itapoã Parque, no Itapoã; Parque do Riacho, no Riacho Fundo II e Parque das Bençãos, no Recanto das Emas. São bairros novos com toda infra-estrutura, urbanização e escritura, diferente do que foi feito no passado. Há ainda um plano de urbanização para região Sul do DF.

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